quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CNBB debate criação de associações familiares

Igrejas de todo mundo estão mobilizadas em torno dessa criação


Do Portal da CNBB



Padre Waldimir Porreca, asssessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), participou de reunião da equipe na última segunda-feira, 06, em Brasília, e participou do debate sobre a criação de associações familiares, que seria uma forma encontrada pela Igreja para que as famílias conseguissem lutar com mais força pelos seus direitos.
Segundo o assessor da comissão, padre Wladimir Porreca, que participou da reunião, as igrejas de todo mundo estão mobilizadas em torno da criação de associações familiares. Neste sentido, conforme o sacerdote, a comissão da CNBB pretende criar um estatuto para fazer com que haja mais associações de famílias nas dioceses e nas paróquias. "O objetivo é permitir mais reivindicação dos trabalhos". Conforme Padre Wladimir um dos motivos para as famílias precisarem se organizar para exigire m seus direitos são os desafios que vêm enfrentando atualmente. "Hoje com a questão do trabalho, da busca do lucro pelo lucro, a família está gastando pouco tempo com ela mesma. A competição, o individualismo e o relativismo têm feito com que a família esteja perdendo os valores que estão dentro dela mesma", afirmou.
O assessor recordou que o próprio Papa fez um apelo para que a família conseguisse conciliar o trabalho e as horas de lazer. Neste sentido, conforme o sacerdote, uma das propostas da Igreja no Brasil é fazer a família aproveitar mais as festas familiares, em especial a santa missa. "A maior riqueza que a família tem é o valor da própria família. Uma preocupação é fazer com que ela descubra que, por si só, ela é um bem para a sociedade", explicou o sacerdote.
Outros assuntos em debate
Além da criação de associações familiares, os integrantes da Comissão Episcopal a Vida e Família da CNBB debateram a Semana Nacional da Vida; os preparativos para a Semana Nacional da Família, que será realizada em agosto deste ano; e o trabalho do Instituto Nacional da Família e da Pastoral Familiar (Inapaf). Este último, tema de grande atenção para a Comissão, já que há um interesse muito grande em formar novos agentes de pastoral. A reunião de segunda-feira, 06, também serviu para a Comissão estabelecer os temas que estarão em foco no ano de 2013. Conforme Padre Wladimir, ficou decidido que "os filhos" serão um dos assuntos de destaque no ano que vem. "Já que vai ter a Jornada Mundial da Juventude, nós estaremos juntos abordando a questão dos filhos durante o ano de 2013", disse.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A família é o antídoto da crise econômica

O congresso organizado pela Aises na Câmara dos Deputados da Itália

Zenit, grifos nossos 

ROMA, quarta-feira 18 de janeiro de 2012 - Um rabino que fala sobre família; um economista que fala de moral;  um sacerdote que fala de amor conjugal. Tudo isso aconteceu durante o congresso “A família como motor do crescimento econômico. Valores e Perspectivas”, realizado na tarde de ontem no esplêndido salão da Rainha na Câmara dos Deputados, que contou com convidados ilustres, incluindo a Comunidade Judaica de Roma, que compareceu numerosa. O encontro, organizado pela AISES, Academia Internacional para o Desenvolvimento Econômico e Social, quis focar sobre o assunto certamente mais debatido neste novo ano: a família, visto de diferentes perspectivas sociais, políticas e principalmente, econômicas.


Introduziu os trabalhos o Exmo. Maurizio Lupi, vice-presidente da Câmara dos Deputados, que definiu a família como o "primeiro amortecedor social da crise econômica". "A família não deve se tornar um elemento, mas O elemento do desenvolvimento econômico e sobre isso estamos de acordo seja a maioria, seja a oposição”, disse o vice-presidente da Câmara, recordando o compromisso da política com a aprovação da "última manobra financeira" que pela primeira vez, leva à aumentar as isenções em relação ao núcleo familiar e ao número dos filhos". "O hebraísmo e o cristianismo são as duas únicas religiões que colocam a pessoa, família e os filhos no centro", disse o diretor da agência ZENIT, Antonio Gaspari, moderador do simpósio, antes de introduzir o presidente da Aises, Valerio De Luca. "A família natural tem uma gramática antropológica precisa – exortou De Luca - é fonte de humanidade, lugar do bios, onde cada pessoa encontra a vida e é formada nos afetos, valores, normas, relações". "Uma família unida leva a uma sociedade mais coesa e solidária e a economia e a política devem proteger esta célula fundamental". "Diante da crise que desagrega a família – se perguntou o presidente da Aises - qual o papel que confiamos à relação homem/mulher, pais/filhos"?, acrescentando que "os filhos, que são a verdadeira esperança para o futuro, agora são vistos apenas como uma ameaça e uma limitação do presente. Isso leva o homem a promover o aborto, a esterilização, a fecundação in vitro e todas aquelas outras técnicas que o fazem experimento de si mesmo e empobrecem a vida".


"Não deve-se mudar a técnica, mas deve-se renovar o coração do homem - concluiu De Luca -. A abertura à vida é a principal via para o desenvolvimento de uma sociedade mais humana e coesa". A ausência de uma vontade humana de se abrir à vida e, portanto, à vontade de Deus, e a consequente crise de natalidade foram, de fato, um dos problemas mais abordados no congresso. Edith Anav Arbib, responsável Aises para o Diálogo Interreligioso, falou de um "individualismo" pelo qual "confiamos à outros os serviços que antes eram úteis para as necessidades familiares e coletivas", limitando-nos a uma “fria coordenação que leva a um desenvolvimento econômico não  sustentável".


O Exmo. senhor Enrico Letta, ao contrário, individualizou no "cortotermismo", ou seja, no tentar rápido resultado imediato, a causa da crise. "A família, entretanto, é o antídoto - explicou - porque constrói dimensões e laços que obrigam a colocar-se projetos de longo prazo e desafiam o tempo".


Ettore Gotti Tedeschi
Provocativo e irônico, Ettore Gotti Tedeschi, presidente do IOR (o Banco do Vaticano), disse, no entanto, em alta voz que foi justo o colapso da taxa de natalidade, a partir dos anos 70 até os dias atuais, que nos nos levou para a atual situação de crise. "Se nós, os seis palestrantes, fôssemos o Governo imediatamente teríamos resolvido o problema econômico, porque saberíamos para onde apontar: a família", exclamou com sarcasmo. Apresentando, então, o breve resumo dos cinco 'NÃO', o Presidente da IOR salientou os efeitos negativos que se produzem "quando os nascimentos são interrompidos e se ignoram família e filhos no mundo ocidental."

Os cinco 'NÃO' 

NÃO crescimento da economia: "Nos últimos 30 anos não nascem crianças, e o número de moradores que havia na Itália em 1980 manteve-se inalterado, portanto, como fazer para crescer o PIB que só cresce quando se consome mais?". 

NÃO  poupança: "Um dos fenômenos dos nossos dias é que os bancos não têm dinheiro - observou - a razão é que não se economiza mais há 25 anos". "Em 1975-80 a taxa de acumulação da poupança das famílias italianas era de 27% italianos, hoje é 4,5%! De cem Liras que se ganhava, 27 eram colocadas no banco, entravam no ciclo dos investimentos e das intermediações. Hoje tudo o que se ganha é gasto, consumido, não há recursos para intermediação financeira". 

NÃO casamento: "Por que hoje não há possibilidades de se casar antes dos 32 anos? Porque um jovem casal não pode dar-se ao luxo de comprar uma casa, devido ao fato de que, embora profissionais, ganhem a metade do que se ganhava a 30 anos atrás, consequência do aumento dos impostos de 25% para 50%". 

NÃO idosos: "As crianças não nascem e a população envelhece e se aposenta. Isso significa, economicamente, o aumento de custos fixos: saúde e idade avançada. A sociedade não tem mais dinheiro para manter os idosos e se cogita, portanto, na chamada 'morte súbita'". 

NÃO trabalho: "Para poder consumir, terceirizamos na Ásia as produções mais importantes. O 50% do que antes era produzido no mundo ocidental, hoje é importado porque custa menos. Deslocando a produção, também se deslocou os postos de trabalho. Não há portanto mais trabalho e o 70-80% são só serviços". 

Ettore Gotti Tedeschi
Na mesma linha também Riccardo Di Segni, rabino chefe da comunidade judaica de Roma, que definiu a família como um "instituto falimentar ", de acordo com o que nos é apresentado nas primeiras páginas da Bíblia. "É um paradoxo - disse o rabino -, mas desde o Gênesis nos é apresentado situações familiares negativas: Caim e Abel; José vendido por seus irmãos; Esaú e Jacó, e assim por diante. Isso porém mostra que a família é o lugar da vida, onde se erra, onde há erros cometidos pelos pais, mas sem ela não se pode viver". Depois se segue a panorâmica da crise da família, que na realidade, segundo Di Segni, nada mais é que a "transformação" de um "sistema baseado na família desde o início," em outro sistema "moderno" em que "a família patriarcal tornou-se família mononuclear; a taxa de fecundidade feminina foi reduzida para 1, 3%; as mulheres dão dão à luz depois dos 30 anos e há mais casamentos, mas, na melhor das hipóteses, convivências". 

Mons. Leuzzi
Uma crise da familia que levou a uma crise econômica, portanto, e uma crise econômica que "colocou sob pressão o casal e o mesmo amor conjugal", como observado por Mons. Leuzzi, capelão da Câmara dos Deputados. "A lei econômica tomou a precedência sobre toda a vida da sociedade se tornou ‘alma’, deixando sua identidade de "corpo", de algo que é instrumental." "Se queremos recolocar a economia de volta no seu verdadeiro papel - disse Mons. Leuzzi, na conclusão da conferência. Se queremos superar a idéia de que a sociedade só cresce se produz mais, devemos recuperar o amor conjugal, primeira comunidade onde o homem aprende não só a produzir, mas a construir".